Texto: 2Tm 2.1-7 “E você, meu filho, seja forte por meio da graça que é nossa por estarmos unidos com Cristo Jesus. Tome os ensinamentos que você me ouviu dar na presença de muitas testemunhas e entregue-os aos cuidados de homens de confiança, que sejam capazes de ensinar outros. Como fiel soldado de Cristo Jesus, tome parte no meu sofrimento. Pois o soldado, quando está servindo, quer agradar o seu comandante e por isso não se envolve em negócios da vida civil. O atleta que toma parte numa corrida não recebe o prêmio se não obedecer às regras da competição. E o lavrador que trabalha no pesado deve ser o primeiro a receber a sua parte na colheita. Pense no que estou dizendo, pois o Senhor fará com que você compreenda todas as coisas.”
Introdução
Não podemos negar o caráter pastoral da epístola endereçada a Timóteo. Aliás, são três tratados pastorais que o apóstolo deixou para liderança de nossas igrejas: 1Timóteo, 2Timóteo e Tito. Juntas, elas nos oferecem uma verdadeira “escola de líderes e obreiros”, que deve ser observado em toda igreja. Há algumas passagens que afirmam a natureza desta compilação pastoral (2Tm 1.13-13; 2.22).
Diante disto, a abordagem apostólica para o capítulo 2 aplica-se na formação do caráter do líder, especialmente na sua mentalidade. Paulo inicia sua instrução recomendando o jovem Timóteo a buscar “fortificar-se na graça de Cristo Jesus”(v.1). A expressão fortificar (gr endynamoo), cuja construção vocabular vem de gr dynamoo a qual é derivada do substantivo grego dynamis (significa poder miraculoso). Assim, a expressão endynamoo (em + dynamoo) significa aumentar, crescer, elevar, fortalecer, empoderar-se. Ainda assim, o termo endynamoo possui duas principais semânticas aplicáveis, conforme o grego aplicado no novo testamento: (i) fortalecer o corpo quando este se apresenta com fraqueza ou debilitado por alguma enfermidade ou doença (Hb 11.34); (ii) ou metaforicamente fortalecer a mente por com uso do verbo na voz passiva. Este segundo significado foi aplicado a Timóteo pelo apóstolo Paulo. Nossa mente precisa ser fortalecida mediante o favor imensurável e imerecido de Jesus Cristo para que alcancemos o “entendimento pleno” de sua vontade sobre nossa vida.
A fim de obter maior proveito de seu ensinamento a Timóteo, Paulo apela para os recursos homiléticos, fazendo uso de três figuras de linguagem que certamente projetariam mais rapidamente perfil do líder na vontade do Senhor: o soldado, o atleta e o agricultor.
1 A Determinação do Soldado (v.4)
A figura do soldado expressa por Paulo envolve uma série de qualificações inerentes a esta profissão, as quais estão unidas pela determinação que estes possuem para atingir seu principal alvo: agradar o seu capitão.
1.1 O soldado e as normas de conduta. De princípio, verificamos que a vida de um soldado é regida por normas e leis que são ensinadas regularmente com o intuito de alcançar maior eficiência em seu serviço. Do mesmo modo, o soldado de Cristo está disposto a obedecer a lei do Senhor submetendo-se a ela incondicionalmente (Sl 119.44).
1.2 O soldado e sua postura. Todo soldado busca evidenciar suas práticas mediante uma postura integra, com retidão, objetivando refletir o amor e dedicação à sua pátria. Na conduta cristã esses requisitos estão intimamente relacionados com a liderança. Para agradar a Deus em tudo que realizamos devemos ter em mente a Bíblia Sagrada com a qual somos ligados com o Eterno Pai (Sl 119.11).
1.3 O soldado e o quartel. O bom soldado deve sempre está se apresentando ao quartel no qual está alistado. O servo de Cristo não pode abandonar a sua congregação (Hb 10.25). Ao contrário, quando convidado à ir ao templo o crente é envolvido por uma alegria tamanha capaz de leva-lo até mesmo a salmodiar ao Senhor (Sl 122.1).
1.4 O soldado e o companheirismo. Jamais um soldado ataca seu próprio companheiro de batalha! Da mesma maneira o guerreiro de Cristo não pode atacar o seu irmão, conservo do Senhor. O sábio informa que uma boa companhia pode ajudar nos momentos de maior dificuldade (Ec 4.9, 10). O líder envolvido pelo sentimento cristocêntrico é movido pela compaixão provinda de Deus e está sempre disposto em auxiliar a quem está precisando de apoio (Lc 10.33).
1.5 O soldado e a prontidão. Um bom soldado está sempre disposto a atender ao chamado do seu capitão. Prontidão é uma palavra indispensável ao autêntico líder cristão. Paulo recomenda à igreja de Corinto a manter sempre ocupado na obra do Senhor (1Co 15.58). Lembremo-nos que Jesus alertou-nos que onde nosso tesouro estiver ali estará aplicado o nosso coração (Mt 6.21).
1.6 O soldado e suas prioridades. Quando o soldado é alistado em seu país deve por obrigação ter a defesa da sua pátria como principal responsabilidade. Quando somos chamados pelo Senhor para a sua Obra devemos tê-la como nossa prioridade. Em sendo assim, nossos corações são levados a palpitar pela seara do mestre. Não significa que deixamos de considerar nossas necessidades, porém somos impulsionados pelo Espírito Santo a buscar o reino de Deus (Mt 6.33).
2. A Disciplina do Atleta (v.5)
Paulo faz apelo ao atleta de sua época relacionando a legitimidade aplicada às atividades desenvolvidas por ele nos locais de competição. O atleta campeão cerca-se de uma vida disciplinada, com medidas rigorosas para alcançar a tão sonhada coroa. Refletindo sobre a vida dos atletas podemos extrair algumas lições para nossa vida.
2.1 Alimentação adequada. O atleta deve ter uma disciplina alimentar bastante equilibrada. Quem não desenvolve uma alimentação balanceada tem condições de apresentar-se no perfil de um competidor potencial. Todo cristão, em especial o líder, precisa obrigatoriamente ser alimentado pela Palavra de Deus. A Palavra do Senhor é fonte de vida para todo homem (Mt 4.4). Jesus declarou ser o Pão vivo descido do céu! (Jo 6.35) e por isso é o único capaz de nos dar a vida abundante. Não obstante, Ele é também a água viva que nos mantem dessedentados (Jo 7. 37, 38).
2.2 Disciplina nos exercícios. Para não perder o foco na competição, o atleta deve manter uma disciplina de exercícios diários visando o aperfeiçoamento de suas habilidades. O líder espiritual necessita manter uma disciplina na prática de exercícios espirituais. A manutenção destas práticas passeia por medidas elementares norteadas pela abstenção. Paulo aplica-se a esta comparação fazendo a seguinte proclamação “Todo atleta que está treinando agüenta exercícios duros porque quer receber uma coroa de folhas de louro, uma coroa que, aliás, não dura muito. Mas nós queremos receber uma coroa que dura para sempre.” (1Co 9.25) (Nova Tradução na Linguagem de Hoje – NTLH). A prática do jejum e da congregação é indispensável como práticas do exercício espiritual do crente. A vida devocional disciplinada de um líder reflete muito da qualidade do seu trabalho. O resultado do exercício espiritual possui resultados mais significativos para o crente, além de apresentar maior alcance, pois “o exercício espiritual tem valor para tudo porque o seu resultado é a vida, tanto agora como no futuro.” (1Tm 4.8b) (NTLH).
2.3 O atleta e as regras da competição. É indispensável para o atleta o conhecimento claro das regras que regem o torneio no qual está inscrito. Sem isso ele dificilmente conseguirá alcançar a almejada coroa de vitória. O líder deve reconhecer o principal manual que regimenta nossa vida de serviço para não ser surpreendido ao final de nossa carreira (2Co 5.10; Mt 20.12-16). Não podemos lançar outro fundamento que não seja o Senhor Jesus. Ele é a única razão do servir do crente. Nossa motivação durante nossa jornada aqui na terra está integralmente voltada para o engrandecimento do nome do Senhor Jesus (1Co 3.8-15).
3. A Perseverança do Agricultor (v.6)
Aquele que trabalha com a terra deve ter muita paciência para aguardar o momento adequado para colher seus frutos. Os cuidados com a semeadura são dos mais diversos, desde a escolha da semente até a adequação da terra. Porém em tudo o que fizer deve o agricultor aplicar todo o seu coração. Como podemos aprender com o agricultor?
3.1 O agricultor não pode ser preguiçoso. Quem não semeia não colhe e quem não colhe não tem como manter-se (Pv 20.4). No serviço a Deus não podemos ter preguiça. O sábio Salomão recomenda aos preguiçosos aprenderem com as formigas a excelência do trabalho digno (Pv 6.6). Quem se domina pela preguiça jamais consegue alcançar um alvo porque não consegue sair do campo da teoria (Pv 13.4). Ao servo preguiçoso serão retiradas suas bênçãos e entregues a outro servo que tenha mais disposição para o serviço cristão (Mt 25.26).
3.2 O agricultor e a esperança. O agricultor que não tem esperança jamais poderá semear no campo (Tg 5.7). A maior esperança do servo de Deus está na volta do Senhor (Tg 5.7; 1Ts 4.18). O líder do Senhor envolve-se na obra do Mestre Jesus não esperando aqui nesta vida a recompensa, mas seu olhar está direcionado para o céu. Nossa visão deve estar continuamente esperando o melhor da seara do Senhor: a colheita espiritual. A perspectiva do que semeia é independente das tristezas experimentadas durante a semeadura, a colheita será muito melhor (Sl 126. 5, 6).
3.3 O agricultor e o desânimo. O agricultor defronta-se constantemente com situações capazes de desanimá-los. Excesso de calor, tempo chuvoso, frio e ventos fortes são muitas vezes barreiras que podem impedir o agricultor de realizar seu serviço. O crente não pode ter desânimo na obra do Senhor. Muitas vezes não seremos aplaudidos, nem elogiados ou cercados de amigos; porém não podemos no s deixar envolver pelo desânimo (2Co 4.8). Após apoderarmo-nos do serviço cristão não podemos recuar, pois isso não é perfil de líder cristão! (Lc 9.62).
3.4 O agricultor e o princípio da semeadura. O agricultor pode ter várias obrigações e preocupações, no entanto ele tem uma convicção: não colherá nada diferente do que plantou. Somos advertidos pelo Senhor quanto a nossa sementeira. Nossa colheita não irá além do que semeamos (Pv 22.8; Os 10.12, Gl 6.7-8). O que estamos plantando na obra do Senhor? Qual a qualidade da semente que estamos dispondo para a seara do Mestre? Lembre-se: você vai ceifar somente o você plantar!
Conclusão
“Considera isto” (2Tm 2.7) são as palavras de Paulo à sua igreja, especialmente à liderança. Da mesma maneira, a apresentação das três figuras comparativas expostas por Paulo é basilar para a plena compreensão da vontade de Deus para nossa vida. Lembre-se sempre da determinação do soldado, da disciplina do atleta e da perseverança do agricultor.
Read more















